A primeira referência documental sobre a ilha, onde os fuzileiros navais desde 1809 estão estabelecidos, é uma Carta de Sesmaria, na qual se concede os direitos de sua posse ao seu primeiro proprietário o Sr. Pedro Rodrigues. Esse documento é datado de seis de setembro de 1565.

Besteiros

ANTECEDENTES
Remonta aos tempos da União Ibérica, mais precisamente em 1618, sob o reinado de Felipe IV da Espanha, a criação do Terço da Armada da Coroa de Portugal, primeiro corpo militar constituído em caráter permanente naquele país. Séculos depois da Restauração do reino português, a soberana D. Maria I reestrutura a sua Armada, criando a Brigada Real da Marinha por Alvará de 28 de agosto de 1797.


O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) originou-se dessa brigada, e seus componentes guarneceram as naus portuguesas que compunham a Esquadra utilizada para transportar ao Brasil a Família Real, a Corte e o aparelho estatal português, por ocasião da iminente invasão das forças do General Junot, a mando do imperador francês Napoleão Bonaparte. Após longa viagem, os fuzileiros da Brigada Real da Marinha aportaram no Rio de Janeiro a 7 de março de 1808, data que hoje comemoramos o aniversário do CFN.

Alvará


soldado FN de 1808

No Brasil, a Brigada Real da Marinha ocupou a Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, em 21 de março de 1809, por determinação do Ministro da Marinha D. João Rodrigues de Sá e Menezes - Conde de Anadia.
Ao longo de dois séculos, o CFN recebeu várias denominações, podendo sua história ser dividida em três fases principais, de acordo com as características básicas de sua atuação:
- de 1808 a 1847, atuando como Artilharia da Marinha;
- de 1847 a 1932, atuando como Infantaria da Marinha; e
- a partir de 1932, sendo empregado como uma combinação de tropas de variadas características.


PRIMEIRA FASE

Na primeira fase, houve ênfase no emprego dos Fuzileiros Navais (FN) para guarnecerem a artilharia das naus e embarcações armadas. Os Artilheiros-Marinheiros constituíam-se nos únicos militares profissionais de carreira existentes nas guarnições dos navios. Em virtude de sua formação militar, tinham acesso ao armamento portátil e contavam com a confiança dos comandos que, por meio deles, se impunham à marinhagem sempre que era necessário o emprego da força.
Por estas mesmas razões, adquiriu condições de praticar a abordagem, defender seus navios contra esse tipo de ação e, desembarcando, combater em terra.

Soldado em 1834


Neste período, participaram ativamente de todas as operações navais nas quais a Marinha se envolveu, sendo dignas de realce a expedição contra Caiena, as lutas pela consolidação da Independência, a pacificação das Províncias dissidentes e a Guerra da Cisplatina.
O CFN recebeu as seguintes denominações nesta etapa de sua existência:
- 1821 - Batalhão da Brigada Real da Marinha destacado no Rio de Janeiro;
- 1822 - Batalhão de Artilharia da Marinha do Rio de Janeiro;
- 1826 - Imperial Brigada de Artilharia da Marinha; e
- 1831 - Corpo de Artilharia de Marinha.


SEGUNDA FASE

Esta fase iniciou com a criação do Corpo de Imperiais Marinheiros a quem cabia guarnecer a artilharia dos navios e embarcações, passando os FN a serem empregados como infantaria na realização de abordagens, na defesa das naus e na realização de desembarques. Entretanto, em decorrência de seu melhor preparo, mantiveram, durante algum tempo, várias tarefas referentes à Artilharia da Marinha.
A artilharia dos FN evoluiu de artilharia naval para artilharia de posição e artilharia de desembarque, culminando no Grupo de Artilharia de Campanha do Regimento Naval. Nesta fase, os soldados-marinheiros participaram de guerras externas, como as campanhas contra Oribe e Rosas, contra Aguirre, e a Guerra do Paraguai.

Vale destacar que, na campanha contra Aguirre, os fuzileiros navais desempenharam papel relevante na tomada da Praça Forte Paissandu, quando o 2o Sargento Francisco Borges de Souza se destacou por seu heroísmo e destemor. Esse episódio ficou conhecido, entre os combatentes, pelo nome de “Tomada do Forte Sebastopol”.

O Batalhão Naval participou com quase todo seu efetivo na longa e cruenta Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870). Das 1.845 praças que constituíam o efetivo do Batalhão Naval à época, 1.428 estavam embarcadas nas unidades navais em operações no Prata, sendo 585 artilheiros e 843 fuzileiros.

Sargento FN

Nesta importante fase, o CFN recebeu as seguintes denominações:
- 1847 - Corpo de Fuzileiros Navais;
- 1852 - Batalhão Naval;
- 1895 - Corpo de Infantaria da Marinha;
- 1908 - Batalhão Naval; e
- 1924 - Regimento Naval.

TERCEIRA FASE

A denominação de Corpo de Fuzileiros Navais, em 1932, em substituição à anterior, Regimento Naval, assinalou o início da terceira fase, que se caracteriza por franca expansão e aprimoramento, mas conservando a tradição de disciplina e confiança, a qual, originária da época da Brigada Real da Marinha, manteve-se através dos tempos.

desfile militar


Deve ser destacada uma série de fatos, ocorridos em relativo curto espaço de tempo, que permitiram esta evolução:
- a formação dos primeiros oficiais fuzileiros navais na Escola Naval;
- o extraordinário desenvolvimento das Operações Anfíbias na Segunda Guerra Mundial;
- a expansão da Marinha;
- o aprimoramento técnico - profissional dos oficiais por meio de cursos, estágios e visitas ao exterior;
- - a criação do Campo da Ilha do Governador e, nele, o Centro de Instrução (hoje Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo, localizado na Ilha do Governador) e a Companhia Escola (hoje Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves, localizado no Campo de Guandu do Sapê, no subúrbio carioca de Campo Grande, RJ); e
- a obtenção de áreas para adestramento e a construção de aquartelamentos.


Assalto

Os progressos materiais alcançado, ao qual se adicionou o devido embasamento doutrinário, possibilitou o incremento de exercícios com forças navais de países amigos que culminaram com o adestramento interaliado na Ilha de Vieques, Porto Rico, juntamente com fuzileiros navais norte-americanos, holandeses e ingleses.


Nesta fase, o CFN, como um todo ou em parte, atuou em acontecimentos relevantes da hist ória do Brasil, a saber:
- posição legalista nas Revoluções Constitucionalista (1932) e Integralista (1938);
- Segunda Guerra Mundial com destacamentos embarcados, Companhias Regionais nos portos de onde nossas forças navais participavam do conflito e destacamento na Ilha da Trindade; e
- posição democrática na Revolução de 1964.
- Por ocasião do conflito entre a Índia e o Paquistão, em 1965, o Brasil, como membro da Organização das Nações Unidas (ONU), enviou observadores militares com uma representação do CFN, o mesmo ocorrendo na luta deflagrada entre Honduras e El Salvador.
- Nas operações levadas a efeito pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na República Dominicana, o Corpo de Fuzileiros Navais enviou um Grupamento Operativo (GptOp) integrando o Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de Paz (FAIBRAS), um dos componentes da Força Interamericana de Paz (FIP). De março de 1965 a setembro de 1966, esse GptOp foi revezado três vezes, cumprindo as tarefas recebidas com exemplar disciplina e eficiência técnico-profissional.

Republica Dominicana
Fuzileiros Navais em patrulha nas ruas de São Domingos
(República Dominicana 1965-1966)

Nos últimos anos e em atendimento às solicitações da ONU, o Brasil tem enviado militares de suas forças armadas (FA) para várias regiões em conflito no mundo. O Corpo de Fuzileiros Navais, como uma tropa de elite, tem participado ativamente dessas Missões de Paz, com observadores militares ou mesmo tropa. Desta forma, os fuzileiros navais do Brasil já marcaram presença em El Salvador; em Honduras; na antiga Iugoslávia; em Moçambique; em Ruanda; em Angola; no Equador; no Peru e no Haiti. O elevado grau de profissionalismo dos seus militares, aliado à disciplina, é fator fundamental para o êxito nesses tipos de operações e tem contribuído para que o Brasil, cada vez mais, seja um membro atuante na nova ordem internacional. Também, no âmbito interno, por diversas vezes o Corpo de Fuzileiros Navais teve atuação destacada no restabelecimento da ordem, juntamente com a participação das demais forças singulares.

MINUSTAH
Fuzileiro Naval integrante da Missão de Estabilização de Paz no Haiti

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